23/06/10

Arco-Íris.

Catarina, é o nome dela. Uma criança inocente como o amor e culpada como a dor. Inocente de todos os crimes e culpada de todos os amores. Era um amor de criança que viveu na cidade da chuva. Lá, nessa cidade, chove todos os dias. E quando não chove, há festa. Festa em casa, festa na rua, festa na empresa, festa no beco, festa na prisão, festa na cidade. Dia de sol é o mesmo que feriado obrigatório. Pena que hajam poucos desses feriados, poucos.
Efectivamente, Catarina adorava os dias de sol. Não só para poder apanhar um pouco de radiação solar na sua pele esbranquiçada como também para ir às festas. Mas, apesar disso, ela amava a chuva. Era um delírio compulsivo, para ela, poder ouvir a chuva a cair. O som do vento a arrastar as gotas de água pelo ar, pelos vidros, pelo chão. Os reflexos nas poças de água, piscinas digamos, os trovões, o estremecer dos vidros.. Era algo natural, era algo dela. Por norma as pessoas não apreciam aquele clima, apesar de estarem habituadas. Mas Catarina era diferente, ela gostava mesmo daquele clima. Nunca desgostando do sol, claro. Nada se poderia comparar ao seu Sol e à sua Chuva. Bem, as coisas não eram bem assim.. As coisas funcionam como o chocolate e o leite. Separados são a delícia, juntos são a perdição. O Sol era o seu chocolate e a Chuva o seu leite, e, juntos, eram o seu sonho. O Arco-Íris. Aquele conjunto de 8 cores, algo mágico, que nasce no nada e, no nada, morre. Isso mesmo, é isso a perdição da Catarina. Era ver o arco-íris. ao vivo, sem ser na internet, na televisão ou em livros. Era ao vivo, no momento, a cores e sensações. Infelizmente isso era algo quase impossível de realizar devido aquele estranho clima. Ou chovia, ou fazia sol. Nunca ambas as coisas. Até aquele dia.
Catarina tinha adormecido, uma vez mais, a ouvir a trovoada que caía na cidade, e acordou num mundo diferente. "Estou a sonhar, só pode.", pensou, ainda atordoada por ter acordado à meros segundos, ao olhar para o quarto, em geral. Estava uma luminosidade estranha no quarto. Dia de festa ? Não, não podia ser. Estava a chover! Estariam a fazer obras com luzes acesas? Seria um carro no passeio com os faróis ligados? Com um pé ao lado do outro, devagar e aos tropeções, Catarina dirigiu'se à janela. Sempre em frente caminhou, ao som da chuva. Estacou, olhou para cima com os olhos semi-cerrados, e agarrou a cortina verde. Quando a puxou ligeiramente para a esquerda com a curiosidade e emanar pelos olhos, Catarina caiu de joelhos. Enquanto chovia, havias raios a sair das nuvens. Zeus tinha finalmente decidido mandar uns certos trovões a alguém ? Não, óbvio que não "Não sejas estúpida Catarina!" refilou consigo própria. Ela soube de imediato que a verdade não era aquela. Era dia do seu sonho, era dia se festa, era dia de chuva. Na realidade, era um dia único. Era dia de arco-íris.
Num salto se pôs em pé, e em dois estava do outro lado do pequeno quarto. Em quatro tempos vestiu'se, em três comeu e, em dois, saiu de casa. Quando à rua chegou, já muita gente lá estava. Toda a gente estava especada a olhar o céu, o horizonte. Ninguém tinha recordação de ter havido um arco-íris naquela cidade, ninguém. Ainda chuviscada e já o sol rompia as nuvens, ele já queimava. E, na linha do horizonte, lá estava ele. O Arco-Íris da Catarina.
Em meros segundos, ela, desatou a correr. Só pensava no pote de ouro no fim da palete de cores, no unicórnio e nos anões que o guardavam, nas fantasias do arco-íris. Correu correu, e correu. Ela estava decidida a não largar aquela oportunidade. Já tinha concretizado, em parte, o seu sonho. Ver o Arco-Íris. A outra parte era chegar ao fim do mesmo. Será que conseguirá ?
O dia continuou a passar e a chuva a cair, coisa banal. Agora, o facto de o sol ainda não se ter escondido.. isso era estranho. Mas uma vantagem para a Catarina, portanto, ela continuou a correr. Era preciso grande resistência física para correr o que ela já tinha corrido. Duas horas e quinze minutos, sem parar, a cortar o vento. Impressionante. Ela era uma criança decidida e dona da sua palavra. Se ele queria concretizar o seu sonho, ela iria fazê'lo. Não se importou com as dores ou com a fatiga, ela continuou a correr.
Umas horas mais tarde, ela parou bruscamente. Depois de ter cortado por entre o pinhal, sempre com a sensação de se estar a aproximar daquela palete de cores, parou. Teve que parar. Ouviu passos, não, alguém a correr. Sim, alguém a correr. Espera, alguém ou alguns alguém? Agora ela estava com medo. Quem estaria ali ? Seria alguém que lhe iria roubar o sonho? Não podia! Os seus pés voltaram ao movimento rápido e sem medo. O coração dela bem que tentava fugir pelas costas, mas os pés impeliam no sentido oposto. Um relinchar se fez soar entre as folhas secas de outono soltas pelo chão, e ela, com um susto, saltou. Gritou e olhou em redor. Nada viu, nada mais ouviu. Nem as folhas a estalar com os pés de outrem, nem o vento a soprar. Olhou em frente e reparou que estava mais perto do que imaginava estar. Ali, a 6 metros, encontrava'se um brilho avermelhadoAquilo é ouro ? Ok, ela pode nunca ter visto ouro na realidade, mas aquilo não era ouro! Era .. um pote preto, sim. Mas o interior é vermelho.. Do nada aparece um anão montado num unicórnio, e outros três a pé. Sem reacção possível, Catarina paralisou. E, sem ter tempo para pensar no que fazer, no que dizer, no que se estava a passar ou até mesmo no que estava a sentir, o unicórnio falou. Falou numa voz doce de morango e suave como a pena de uma andorinha:
- Foste a escolhida. Tu, uma simples criança, mas a escolhida. Só tu tens, e tiveste, a oportunidade de ver o fim e o início de algo mágico. Os contos de fadas, aqui, são verdadeiros. Nós somos verdadeiros. E não, aquilo não é ouro. O verdadeiro ouro, aquele metal e valor incalculável, é o amor. E foi o teu amor, puro e sólido, que te trouxe aqui. A tua determinação em alcançares os teus sonhos, este teu sonho, trouxe'te aqui. Bem vinda Catarina, ao nosso mundo. E tem calma, o teu coração está doido. Terás todo o tempo para explicações.
E assim, Catarina, ficou. Foi o início da sua verdadeira vida, do seu sonho. Um mundo de sonhos, só seu.
Na realidade, tudo era fantasia. Pura fantasia, imaginação.

(...)

Toda a gente da cidade procurou a Catarina durante anos, mas nunca foi encontrada. Isso, é um mistério para toda a gente.

21 comentários:

Ki disse...

Se eu te contar todas as verdades que acertaste aqui sem saber, ficarias admirado! xD
Está lindo =o)

Qéé disse...

está giro.

Mel disse...

escreves muito bem:D
Adoro o teu blog, de quem é a música?

Beijinho

Marilena R. disse...

eu é que agradeço o imenso elogio da qual me fizeste alvo :$$

Mel disse...

gostas de violetas?:D

Mel disse...

ohh, eu adoro!:D, tanto a flor, cor e o nome é mesmo bonito.
Há e em relação à musica, a voz não me era estranha(:

Mel disse...

então também deves de gostar de tons de beringela, certo?

Mel disse...

o edredon da minha cama é desse tom, e tenho variados acessorios dessa cor, é mesmo linda!

Mel disse...

uau, os meus sao as bolinhas verdes e roxos:D, para combinar:P

Mel disse...

nao me digas que são iguais?xD

Mel disse...

loool, que grande coincidência xD

Mel disse...

ainda dormes nos lençois iguais aos meus xD?

Mel disse...

LOL, é como os meus :O

Mel disse...

é verdade, credo!

Mel disse...

Sim, e como tu dizes, " Sou completamente doido e tenho orgasmos com roxo" xD

Mel disse...

Obrigada*.*, qual é o toque que amas?e em que parte estas confuso?xD

Mel disse...

sabes que eu descubro tudo xD, o teu "acerca de mim" tem muita informação xD.

Mel disse...

uau ;$, agora fiquei mesmo embaraçada. Foi a primeira vez que escrevi deste género e um elogio destes, a sério:$

Alexandre. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mel disse...

Fico há espera para ler, então!

:D

Mel disse...

Humm, estou curiosa sr. Alexandre!